ESCRITA AVULSA 📃 CAMPO GRANDE POR SEU COMÉRCIO E A RESPEITO DA TUTORIA
Se você conhece um pouco mais Campo Grande - MS -, já deve ter ouvido falar do museu José Antônio Pereira. O museu encontra-se na Av. Guaicurus, s/n, bairro Jardim Monte Alegre, e funciona de terça a domingo. O local era uma fazenda onde residiam os primeiros moradores de Campo Grande. Na entrada, vemos uma placa cuja inscrição contextualiza a região falando de sua importância na história da cidade e que a área havia sido doada ao municÃpio por Carlinda, neta de José Antônio, em 1966. Uma estátua à passagem do visitante figura Carlinda, ainda criança, com seus pais. Visito o museu numa tarde de sábado. Noto alguns visitantes sentados com cuia de tereré embaixo de uma grande árvore.
As construções do local são feitas de barro, a exemplo das edificações que faziam os negros, e pau-a-pique, herança da casa indÃgena e que compõe a estrutura das casas no museu. Noto espaços vazios entre o telhado e o corpo da casa. No interior da casa central ao museu, vejo uma placa com as proibições dentro do local, por exemplo, não tocar os objetos. Há também inscrição que fala do tipo de material e modo de construção das casas dali, compondo a chamada casa cabocla.
No estudo de Marilda Mitidieiro, vemos que José Antônio faria uma primeira viagem, depois traria a famÃlia. O carro de boi é um dos artefatos que fazem parte do museu. Ele transportara José Antônio de Minas Gerais à Campo Grande numa viagem de três meses. Já o tear, representa a produção que era feita ali na fazenda, assim como um grande pilão movido pela água que entrasse no instrumento, e que era usado para descascar arroz. Há, ainda, no museu, outros instrumentos, bem como uma maquete que mostra toda a sua extensão.
Se Campo Grande começou com a agricultura de José Pereira em uma cidade originada em uma fazenda, logo foi recebendo imigrantes. Vimos a Ferrovia, o comércio árabe, o nome oriental Zahran em nosso comércio, herança de imigrantes, e outros. Hoje conhecemos o que se chama fanchising, também presente nos modos de se operar localmente no comércio. Ele se liga a uma ideia mais geral de operação, tal como proposta por uma marca. Isso indica um nova configuração comercial no desenvolvimento da cidade.
A escola historicamente passou a tomar parte da educação que vinha até então predominantemente de casa, da famÃlia, de modo individualizado. Posteriormente, entretanto, vimos que a famÃlia deveria se aproximar da escola. Se isso foi instigado por movimentos como o Nova Escola então, podemos hoje observar em ações que promovem a presença dos pais na escola por meio de reuniões ou eventos algo que reflete essa ideia.
Atualmente, vemos pela tutoria individualizada o retorno a uma prática antiga, no entanto, atendendo necessidades dentro de um sistema diferente, com educação voltada para adequação a sistemas atuais de ensino e demandas sociais atuais; por exemplo, o vestibular.
A Monitorias Campo Grande Centro nesse contexto tem feito algumas parcerias com instituições e também com profissionais que atendem pessoas com alguma dificuldade na escola. Insere-se em um movimento nos modos de oferecimento da educação pelo uso da tecnologia, que se viu intensificar durante a pandemia.
Ao contrário da ideia comum ligada ao sistema de franquias, normalmente operadas com sedes fÃsicas e com alguns funcionários, as unidades Monitorias podem funcionar na modalidade MEI e oferecem um serviço online. Mas o modelo Monitorias vai além de aulas online e o contato presencial com parceiros, escolas e famÃlias atendidas pode acontecer, e ela absorve o modelo da “tutoria”.
LetÃcia Casanova Oliveira, em estudo sobre aulas particulares no Ensino Fundamental, trouxe breve reflexão sobre como sua famÃlia influenciou sua trajetória educacional. Vemos o reforço escolar como uma estratégia que muitos pais utilizam, dentro do grande jogo social, para auxiliar os filhos na vida escolar de modo que tenham êxito conforme seus objetivos. Reflete uma preocupação dos pais para com os filhos. Questões financeiras e a percepção desses pais quanto a essa necessidade, que pode ser influenciada pela bagagem cultural da famÃlia, irão afetar a decisão pelas aulas ou não. A partir de sua pesquisa e relatos considerados, a autora conclui que a aula particular tem um efeito que vai além do repasse de conhecimento, ajudando com a motivação e a organização do aluno nos estudos e tarefas escolares.
A Monitorias pode estar na contramão dos modelos tradicionais com sede fÃsica e atendimento presencial. Oferece, em um mundo de transformações, uma alternativa que mistura o caráter humano ao mundo das redes e dos computadores, uma marca da atualidade, esta de transpor barreiras fÃsicas e que instrumentaliza modos de explorar a praticidade.
A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil foi um marco para o desenvolvimento do estado e trouxe empregos. Campo Grande era uma das regiões, denominadas distritos, por onde ela passava. Pela ferrovia eram transportados passageiros e cargas. Os árabes fugiam de conflitos no Oriente Médio. Os palestinos trabalharam no comércio na Calógeras, os árabes na 14 de Julho. El Kadri vem do nome dos libaneses, que contribuÃram para a Medicina. Zahran, para as telecomunicações. Lia Parisi tem o sobrenome Parisi do italiano. Ela é filha de mineiro e neta de uma escrava alforriada de Aquidauana. Fala do indÃgena Marçal de Souza e de sua importância, tendo em Campo Grande uma escola que leva seu nome. Dos paraguaios, terÃamos a sopa paraguaia, o tereré. Ao longo da história dos gaúchos na cidade, eles fizeram a criação de gado, depois o cultivo de ervas usadas no chimarrão e tereré. Deles temos o chamamé, chimarrão.
Devo fazer para um curso alguns relatórios de visitas e a sinopse de um documentário, em que Lia e outros oradores idosos falam da região. No telefone, algumas fotos. Reparo que conhecia pouco.
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*Autores consultados ou citados:
“O museu José Antônio Pereira no ensino da história: patrimônio, identidade e desenvolvimento local no contexto da territorialidade”, de Marilda Batista Mitidieiro - Universidade Católica Dom Bosco, 2009.
“FamÃlia e escola: um olhar histórico sobre as origens dessa relação no contexto educacional brasileiro”, de Alexandra Resende Campos - revista Vertentes, 2011.
“Estratégias de parentocracia na escolarização de agentes da educação básica: um estudo sobre a presença de professores particulares”, de LetÃcia Casagrande Oliveira - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2016.