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Contando de volta. Dia um.
Não há recado aqui, como não
existo eu. Palavras descrevem o nada em versos de uma pessoa a ser encontrada.
Minhas memórias estão desaparecendo de mim. Mas espere, tenho uma história para
contar e ela começa com uma recordação persistente que me conta da parte de mim
que ainda está aqui.
Algo mudou, de fato. Não somos os
mesmos, posso sentir isso. Desde o momento que nasci, deveria fazer isto,
deveria me lembrar de como todos nós mentimos e como alguns entre nós aprenderam
a amar onde amantes e o amor morrem jovens. Que trágico ter perdido o ônibus
para o final feliz nos primeiros anos quando a princípio conheci alguma sorte
do fato romântico, o tipo o qual a ser explorado, o tipo o qual a ser
encontrado. Não tão trágica, no entanto, seria a outra sorte de que não conto
agora, pois ainda seria necessário vivê-la. Depois, quem sabe.(...)
16.11.2019
Counting back. Day
one.
There is no note here, as I exist not. Words
describe the nothing in verses of a person to be found. My memories are
vanishing from me. But wait, I’ve got a story to tell and it starts with a
persistent remembrance that tells me of the part of me that is still here.
Something has changed indeed. We are not the
same, I can feel that. Since the moment I was born I was supposed to do this, I
was supposed to remember how we all lied and how some among us learned to love
where lovers and love die so young. How tragic to have missed the bus to the
happy ending in the early years when I first knew some sort of romantic fact,
the kind of which to be explored, the kind of which to be found. Not so tragic,
however, the other fate would be, that of which I do not speak now, because it
would be necessary to live it before. After maybe. (...)
~