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As flores dadas teriam em parte que ser as flores
tomadas fosse o entremeio ou o mediador invisível um ato de orgulho e vergonha;
bastassem as lamparinas do observador, um terceiro qualquer, para decoração da
sala de visitas. Quem precisaria de flores, das compradas na floricultura da
rua dos comércios de mimos senão aquele que pudesse oferecer e aquele que, na
serenidade pós tempestades, pudesse receber? Esses retalhos de natureza que
tomamos para uso próprio e que também é dos alheios os mais próximos, próprios
de minha relação mais íntima... Tomava-as de volta amanhã ou depois, depois de
as ter presenteado a tal graciosa criatura de rebentos verdes desenhados no
fato cor-de-rosa. Se ao menos fosse pouco menos ressentido esse sonho, então lá
ficariam as flores até secar e amarelecer na jarra da sala de porta chapéus.
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