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Mensagem n° 45: Não julgue que esqueci
Para todos os
efeitos de que me possa esquecer na apressada tarefa de lhe escrever, quero,
por mais que pareça estranho, solidificar, por meio desta, a outrora fantasia
de que pudesse me ouvir quando um aparente absurdo tivesse tomado conta de mim.
Cá me encontro
disposto a viver pelo que ainda não vejo, mas que, de todo modo, me guia para
este exato momento em que nada lhe possa parecer tão claro. Peço desculpas,
ainda não me esqueci da parte em que devo fazer um convite para que adentre
esta minha “cabine” minúscula onde me encontro agora, procurando os modos de
ensejar toda uma descoberta a respeito da dança com linhas com que me houveram
decorado este pequeno espaço e a harmonia de suas cores com o gosto exótico do antigo morador.
Tenho, nesse contexto todo, pensamentos como
se pudessem ir tão longe quanto o alcance da quilometragem relegada à
infinidade. Antes já a havia mencionado, porém fará responsável que se repita
em insistência maluca a retomada do tema.
O tema. E,
além daquele, há um que, para todos os fatos passados que bem gostaria de
esquecer, não passa de mero e dispensável detalhe. Para o que tanja à minha
transcendência - digamo-la assim, pois em outros termos e em outras verdades
detalhadamente expostas por acontecimentos para mim reais, poderiam me tomar por
louco – para o que esteja associado a esta esquisita, tenho apenas que dizer que supera as
expectativas de um pobre e cabeludo ser humano e seu pequeno corpo-fronteira
que faz com a amplitude que cabe em um infindável.
Não me julgue
dessabido, justo agora que tenho me encontrado numa expansão da jornada, ainda ressabiado
com os outros por terem participado do meu julgamento quando fui empurrado ao
centro de uma discussão à respeito do meu tema, o da transcendência, mas que
bem poderia chamar de fé. (...)
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