38
Tive muito
tempo para estar aqui, de modo que não pôde ser tão diferente disto: me
acostumei ao local outrora odiado vez ou outra. Vez ou outra, era estranho. Como
se aderisse à moda do uso do velcro e todos fechassem seus vestuários assim,
quando ainda achasse zíper e botões uma tendência bastante provável, a alta
aceitabilidade do que antes me fosse escancarado como o normal. Há muito havia
tomado por certo que nada mudaria, como se minhas edificações imaginárias de um
Universo se achatassem ou dilatassem conforme lembranças de minha infância
feliz. Só há pouco tempo me concedi a dúvida quanto a isso, porque... porque de
meus reinos imaginários saiu um prolongamento real, onde se instalou o 'Botão da
Esperança'.
Gostaria de
voltar para onde a estranheza do mundo possa até tentar, mas não penetre os
modestos compartimentos da pequena habitação. Mas não me tenha por ingênua
ainda. Não é que vão mudar as coisas todas ou que no mundo dos velcros já
aceitem botões. Quero cumprir o que tem sido chamado de aceitação e isso
significa, até onde me caiba, ao menos considerar fazer algo da justa medida
onde não me vai bem e ter o lugar para onde voltar quando me deva afastar do
mau agouro e onde a dolina não mais ameace se concretizar. (...)
~