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Parece-me que aquele tempo em que
tomamos as ruas no passado não era somente para pedir por eleições diretas, mas
para diretamente protestar e pedir aos líderes que fossem aliados em nossas
lutas contra um regime cansativo e triste sobre o qual estávamos mais cientes.
Agora, sob circunstâncias diferentes e não encarando uma ditadura, demandamos
uma governança toda nova, de novo.
Às
vezes, fazemo-lo pacificamente e, às vezes, tendemos a ser mais agressivos. As
pessoas poderosas no comando, os dirigentes do país, dizem
que estamos sendo violentos como costumavam se expressar sobre nós nos idos
anos 80. Poderia falar por mim mesma. O
que poderia uma velha mulher como eu dizer sobre os atuais aspectos
inobservados da figura toda? Ela tem sido apresentada pela fúria; por pessoas
trancafiadas desejosas por saírem de uma
jaula lotada tanto quanto seu líder do passado que também foi pego por
fazedores e executores da Lei; novos revolucionários com pensamentos quiçá
compartilhados dentre poucos estudantes que tem mais tempo para se engajar com
revolução que um pedreiro que não pode parar de construir porque tempo é
dinheiro e, então, tem eu, eu acho, uma pessoa aposentada carregando uma
bandeira branca com um baita mastro pesado, devo dizer.
Acho que poderia somar uma voz a
esse coral que canta “deixe-nos escolher de novo diretamente. Fizemos uma má
escolha antes e é melhor você saber que estamos mais cientes do que você tem
feito aí em cima, na Esplanada dos Ministérios”. Não me atreveria a acrescentar
nisso que não havia feito nada magnífico para tentar mudar as convicções de meu
companheiro de trabalho sobre levar para sua casa e família parte da comida preparada
pelo chef do restaurante para o qual trabalhávamos. Nunca acrescentaria a esse
canto que eu tinha, eu mesma, levado alguns pães para casa. Como um sorrateiro
gatuno que rouba pão de um supermercado e é pego, era pega no ato por minha
recordação, enquanto alguns dos figurões que inteligentemente e
oportunisticamente dominaram a arte de roubar milhões de nós pareciam ter
finalmente conhecido a justiça de Deus. Alguns deles, devo dizer.