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Há um sentimento estranho que vai além da medida dos campos concretos que tenho explorado até agora. Isto não é fácil, devo dizer. Seguir em frente e dirigir meu instrumento mecânico (o chamado carro) por estas ruas, não desejosa por parar, tão difícil quanto é admitir minha maldade passada e olhar para isso sem desprezar quem eu era.

Mas, então, é altamente – tanto assim – possível que não saber represente uma base para a fé, o que timidamente ilumina a escuridão hoje. Como Paul Tillich uma vez escreveu, “coragem é auto-afirmação ‘a-despeito-de’, isto é, a despeito daquilo que tende a impedir o eu de se afirmar.” Talvez a fé seja um ato de coragem e de humildade, assim como o “acreditar naquilo que não se vê” de Hebreus 11. Aquilo que não posso ver – não só com esses olhos que a Terra há de comer, mas no sentido de compreender e perceber também – não posso saber.

Como adequa-se ao momento, devo citar algo que assumiu as formas de uma rememoração, e devo fazer isso não somente porque é Natal, mas porque onde falhei até agora em alcançar graciosamente, a ideia expressa por ela aperfeiçoa os modos como vejo meus passos futuros e me diz para não ter medo. Que Jesus era um indivíduo por si mesmo, um “individualist” que não se pautava no que lhe estabeleciam como verdade para ser ele mesmo, foi o que o Sr. Oscar Wilde disse. Na Terra, é proclamado que, lá pelas tantas, as pessoas buscam por modelos, outras pessoas para admirar e nas quais se inspirar para ser o que são ou procuram ser. Ando querendo ser mais como Jesus Cristo. Apego-me a modelos diariamente, identifico-me com eles, vivo num sistema abarrotado deles, mas gosto de eleger um modelo substancialmente maior, o Deus das histórias bíblicas, o menino Jesus.

De irmã para irmã, gosto de poder estar em igual contigo. De saber que, cabeçuda para cabeçuda, o que faço e o que fazes sobre o saber – e aqui, bem, apresento-me consideravelmente Sartreana - isso sim importa.




12.04.10 adaptado



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