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Quando tinha 15 anos, os arredores de meu quarto e tudo fora dele pareciam um mundo paralelo à parte dos bits com os quais eu estava acostumada de comunicações e interações virtuais que eram alojadas no meu computador. Era como se ele abrangesse minha mente em pequenos pedaços e me conectasse com partes de outros.
Do submundo inerente à Internet abundaram vislumbres quanto a onde me dirigia e, então, um esforço especial acresceu em direção a uma atividade online que se tornou tão ligada às minhas concepções de pessoas que frequentemente perceberia aquelas em carne e osso como mentirosas e bobas tanto quanto a entediada soma de “corpos” que preenchiam salas de bate-papo com suas presenças irritantes enquanto pululavam a pornografia ou a ofensa ou ambas como se um rastro de pólvora fosse invariavelmente deixado na palma da mão de cada um.
No dia que fiz 19 anos, o ritmo de um barulho que os pés de um homem faziam sobre o chão enquanto ele corria tomou minha atenção quando estava indo para casa. Havia uma festa acontecendo que eu eventualmente abandonava para ir checar se minhas “partes” e companheiros da Internet estavam discutindo algum tópico relacionado a, digamos, lacunas sociais ou emocionais que entremeassem aquilo que chamávamos de civilização. Nós éramos então como corujas que observavam a noite enquanto os humanos dormiam. Falávamos de liberdade. Não éramos muitos, mas Jesus também não havia sido. (...)


When I was 15 years old, the surroundings of my bedroom and everything outside it seemed a parallel world aside from the bits I was used to from virtual communications and interactions that were housed in my computer. It was as if it held my mind in small pieces and connected me with parts of others.
From the underworld inherent to the Internet abounded glimpses as to where I was heading to. Then, a special effort arose towards an online activity that became so linked to my conceptions of people that I would frequently perceive the flesh-and-blood ones as silly liars as much as the bored sum of “bodies” that filled chatrooms with their annoying presence while porn or offenses or both swarmed, as if a gunshot residue trace was invariably being laid on the palms of the hands of each one of them.
The day I turned 19 years old, the rhythm of a noise that a man’s feet did onto the floor as he ran caught my attention when I was going home.  There was a party going on which I eventually left to go check if my Internet “parts” and pals were discussing any topic related to, let’s say, social and emotional voids that would intersperse what we’d call civilization. We were then like owls that watched the night as humans slept. We would speak of freedom. We were not many, but then Jesus, too, had not been. (…)


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